Soares diz que o Executivo anda pelas ruas da amargura e critica o facto de as sondagens estarem ser propositadamente ignoradas pelos media.
No artigo de opinião semanal, publicado hoje no Diário de Notícias, o ex-presidente da República defende que a "última sondagem revelada pelo Expresso, de sábado último, foi reveladora da péssima situação em que nos encontramos que se tornou", Mário Soares critica o facto de esta sondagem ter sido aparentemente "propositadamente ignorada pelas rádios, televisões, jornais e pelos comentadores do costume".
"Talvez por os resultados serem tão maus para o Governo é que a sondagem, no seu conjunto, tenha sido tão pouco comentada... Mas, que diabo, o primeiro-ministro com -0,4% de popularidade e o seu Governo -20,5% é caso para nos perguntarmos: o que espera o Governo para se demitir, sendo certo que sabe bem que o próximo ano de 2013 - com esta política de austeridade - será muito pior do que o actual...?", escreve o histórico socialista.
"Permito-me, por isso, dizer aos leitores - que a não leram ou o fizeram em diagonal - a conclusão que pode retirar-se da sondagem (que vale o que vale, repito) sobre o estado em que se encontram os partidos da coligação e da oposição e a fraqueza incomensurável em que está o Governo e a actual coligação".
A sondagem publicada pelo Expresso de sábado, feita pela agência Eurosondagem, revela que "o PS, que se manifestou claramente, ao cabo de um ano e meio de Governo, contra a política de austeridade, é hoje o maior partido (35%), seguido pelo PSD (26,9%) - não confundir com o Governo -, uma vez que uma percentagem considerável de quadros do PSD não está com o Governo, como se verá. O PP-CDS, o outro partido da coligação, mantém-se, estranhamente, com 10,1%, seguido muito de perto pelo PCP, 10%, e pelo Bloco de Esquerda, 9,5%".
"Contudo, o mais interessante da sondagem está na popularidade ou na contrapopularidade dos líderes partidários, que não condiz com a dos partidos.
Seguro, líder do PS, é o mais popular, 15,2%, seguido de Paulo Portas, o que é curioso, 13,9%, Francisco Louçã, 8,8%, Jerónimo de Sousa, 5,6%, o Presidente, Cavaco Silva, 4,2% e, finalmente, pelo primeiro-ministro, Passos Coelho, -0,4%.
Quanto às instituições, a Assembleia da República representa -4,5%, o Ministério Público, -17,4%, o Governo, -20,5%, e os Juízes, -23,8%. Se a sondagem estiver certa, Governo e Justiça andam pelas ruas da amargura!".
Fonte: Económico